Conferência Internacional “Na periferia da Grande Guerra”

organização
Centro de Línguas, Literaturas e Culturas
Local: Departamento de Línguas e Culturas
Universidade de Aveiro, Portugal.
Data:  1 e 2 de outubro de 2015

 

No rescaldo das comemorações do centenário da eclosão da Primeira Grande Guerra, pareceu-nos oportuno revisitar alguns dos lugares-comuns historiográficos relativos à expressão e efeitos deste cataclismo originado pela ação humana. Um deles diz respeito à circunstância de esta ter sido, por exemplo em comparação com o segundo conflito à escala internacional ocorrido no século XX (1939-45), uma guerra realmente mundial. Muita da atenção académica tem sido compreesivelmente dirigida para os cenários de guerra na Europa, nas frentes ocidental e oriental, e para a carnificina sem paralelo de que foram palco. Com efeito, no imaginário popular, ficaram indelevelmente inscritas as imagens vívidas das trincheiras, do confronto brutal entre a vulnerabilidade do corpo e a fúria destrutiva da nova maquinaria bélica, bem como a escala magnificada deste combate. Compreende-se, pois, que o choque e o trauma se encontrem amplamente documentados numa diversidade de discursos políticos, sociais e culturais e tenham constituído objeto de reflexão em várias conferências académicas organizadas a propósito destes temas. 

Com esta conferência, pretendemos, contudo, simultaneamente fixar e desviar o olhar dessas imagens dolorosamente familares, deslocando-o para as periferias do conflito. Privilegiar-se-ão, pois, os teatros marginais da guerra, os lugares onde o conflito certamente não deixou de ter ressonância, ainda que esta tenha sido colateral: indivíduos apanhados no limbo da guerra, a guerra como pano de fundo para histórias pessoais ou vislumbrada a partir de pontos de observação inesperados. Estes lugares poderão ser aqueles em que a guerra assumiu contornos de irrealidade, longe do centro das hostilidades, mas onde estas, não obstante, se fizeram sentir.