Sobre a Linha Perpetuum Mobile

    A linha de investigação “Perpetuum Mobile: Poéticas da Errância na Literatura e na Cultura”, na averiguação que se propõe empreender das múltiplas declinações do tema polarizador errâncias, será objeto de operacionalização pluridisciplinar, por forma a estimular uma fecunda sinergia entre diversos domínios do conhecimento. Pretende-se que as múltiplas expressões literárias e culturais da mobilidade constituam, a partir de um ângulo diassincrónico, o objeto de estudo prioritário da subárea intitulada «Poéticas da errância na literatura e na cultura». Derivando deste tema congregador, foram ainda circunscritas duas outras áreas específicas de investigação: «A forma movente», que se propõe investigar o ensaio enquanto errância metafórica e/ou textualidade em movimento, e «Diáspora e ciência», que visa estudar a diáspora, enquanto viagem e exílio, na sua interrelação com o desenvolvimento cultural e científico dos séculos XVI e XVII.
    No âmbito da área subordinante “Poéticas da errância na literatura e na cultura”, intenta-se delinear uma cartografia crítica do imaginário da errância, desenvolvendo uma sondagem trans-histórica e transnacional que permita indagar, entre outras possíveis, modalidades da sua inscrição literária e cultural, tais como isotopias, figuras, topoi, subgéneros literários, cinematográficos ou outros, períodos literários, etc.
    Na subárea “Forma movente”, pretende-se analisar a fecundidade crítica e a validade operatória da errância (entendida, simultaneamente, como pulsão de escrita e modo de leitura, isto é, sintoma de um pensamento em deriva no próprio momento de escrever-se), elegendo como terreno de indagação o ensaísmo produzido em vários campos culturais. Em paralelo, será ainda especialmente pertinente o estudo de formas contíguas ao ensaio, designadamente aquelas que, como o romance-ensaio, tornam manifesta a sua participação na lógica da ficção.
    Na subárea “Diáspora e Ciência”, abordar-se-á a obra de um conjunto alargado de autores à luz de três vetores fundamentais - Humanismo, Diáspora e Ciência -, seja evidenciando as suas características e particularidades nas relações fecundas que estabelecem tanto com as realidades próprias do seu tempo como com os autores e obras da Antiguidade Clássica, seja avaliando o contributo dado por estes autores para a renovação da ciência.